ADEGA CARTUXA PÊRA-MANCA BRANCO 2021
Mito português, vinho medieval, que esteve nas barricas que abasteciam a adega pessoal de Pedro Álvares Cabral.
A Fundação Eugênio de Almeida, fundada em 1913, sempre teve como seu principal foco a educação acadêmica e espiritual no Alentejo. Em meio a seus empreendimentos, fundaram a Adega Cartuxa, responsável por alguns dos míticos vinhos do Alentejo, elaborados no terroir de Évora.
A safra foi muito proveitosa no Alentejo, mesmo com todas as dificuldades enfrentadas em consequência da pandemia de COVID-19. As vinícolas precisaram parar, pensar e recalcular toda a sua forma de cultivar a terra e elaborar seus vinhos com as novas medidas de seguranças impostas, pouca informação meteorológica e o clima instável daquele ano.
Mas para quem é expert no terroir de Évora, nada disso representou problema algum. O tradicional blend de Antão Vaz e Arinto foi elaborado com frutos cultivados em em vinhas que tem entre 25 e 30 anos de idade.
A fermentação se deu parcialmente em em tanques de aço inox, enquanto outra parte amadureceu em barricas de carvalho francês por 12 meses em contato com as borras e ainda mais 6 meses em garrafa antes da sua comercialização. O que resultou em um vinho elegante, complexo e bem estruturado, que faz jus à sua reputação.
De cor amarelo palha bem clarinho, traz aromas marcantes de especiarias doces, frutas brancas, secas e tons florais envoltos em nuances minerais e toques herbáceos. Em boca é deslumbrante, com sabor de abacaxi fresco, casca de limão e pêra madura. Tem acidez refrescante, excelente volume e um final frutado e persistente.
Tem linda acidez e mineralidade que aportam muito frescor e o torna a companhia perfeita para frutos do mar mais delicados e com menos condimento, como ostras ou uma burrata com tomates frescos e manjericão.
Pêra-Manca deriva da toponímica “pedra manca” ou “pedra oscilante” – uma formação granítica de blocos arredondados, em desequilíbrio sobre rocha firme.
Diz a tradição que os vinhos Pêra-Manca remontam à Idade Média, fato é que no século XVI os vinhedos de Pêra-Manca eram propriedade dos frades do Convento do Espinheiro. Também é dito que Pedro Álvares Cabral encomendou, para sua adega pessoal, alguns tonéis de Pêra-Manca, para a viagem de posse das terras brasileiras.
Contudo, com a filoxera no fim do século 19, a Casa Soares - proprietária da herdade desde o século 18, deixou de produzir o Pêra-Manca.
Foi o herdeiro da extinta Casa Soares, José António de Oliveira Soares, quem, no ano de 1987, cedeu a marca à Fundação Eugénio de Almeida, que em 1990, relançou o mito ao mercado. De lá pra cá, se firmou como um dos grandes vinhos de Portugal, cujas safras não passam de 13 mil garrafas. Uma raridade.
A marca Cartuxa é um dos principais ativos da Fundação e a insígnia traduz a identidade dos vinhos Vinea, EA, Foral de Évora, Cartuxa, Scala Coeli e do mítico Pêra-Manca.